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Foto de Eduardo Martins |
Um dos designers oficiais da marca dinamarquesa Lego, responsável por desenhar as naves Star Wars, esteve em Portugal para contar como é brincar a tempo inteiro
Clube Recreativo Leões de Porto Salvo. Provavelmente um dos sítios mais improváveis de Portugal para encontrarmos um designer oficial da Lego, recém-chegado da Dinamarca. Mas é mesmo aí, entre robôs que reagem a cores e retratos dos visitantes do pavilhão feitos com legos, que encontramos Luis Gomez, 29 anos. O colombiano, responsável pelos modelos Star Wars da marca de brinquedos dinamarquesa, é o convidado especial do Oeiras Brincka Lego, a maior exposição oficial de construções em Portugal, que decorreu durante o fim-de-semana.
Foi depois de assistir ao primeiro "Toy Story" que Luis percebeu que afinal "era mesmo possível seguir uma carreira dedicada aos brinquedos", conta. "Com o filme comecei a perceber que também podia transformar a minha vida numa 'toy story', que havia empresas só dedicadas a isso, como a Pixar." Tudo se tornou mais fácil quando saiu de Bogotá para estudar design de brinquedos em Nova Iorque. "Arranjei logo trabalho na Califórnia na Wham-O, a empresa que inventou brinquedos clássicos americanos, como o frisbee e o hula hoop, e comecei a desenhar brinquedos para eles."
No entanto, durante esses três anos, a Lego nunca lhe saiu da cabeça. Foi quando viu um anúncio na internet que procurava novos designers para a sede da marca, em Billund, que decidiu enviar um portfólio. Como se contrata alguém na Lego? "Fui chamado para um workshop de dois dias com 17 candidatos de todo o mundo e tivemos de construir vários projectos com peças que nos enviaram pelo correio", conta. "Não posso bem dizer que tipo de projectos porque são confidenciais, mas construímos castelos e coisas do género."
Depois disso, Luis voltou à Califórnia e umas semanas mais tarde recebeu um telefonema quando estava a tomar duche. "Disseram-me que o emprego era meu e disseram-me quanto ia ganhar em coroas dinamarquesas. Nem fazia ideia quanto era, mas aceitei logo sem saber", ri-se.
Hoje em dia é um dos cinco designers responsáveis pelas peças da Star Wars da Lego, um trabalho muito meticuloso. "Os projectos de cada brinquedo chegam a demorar um ano e meio a serem feitos", conta Luis. "A última que fizemos, uma nave de um dos filmes clássicos da Star Wars [não pode dizer qual], só chega às lojas em Agosto e demorou todo esse tempo. Foi feita com duas mil peças."
O processo de design das naves é complicado porque envolve a aprovação da Disney (que comprou a Lucas Art) e vários testes técnicos e com miúdos. Às vezes, para desanuviar "do cinzento" das peças Star Wars, também costuma participar no design de outros cenários Lego, como a colecção Cidade ou Ninjago. "É bom porque às vezes há coisas para raparigas e podemos usar mais cores e peças mais cor-de-rosa."
Em casa dos pais, Luis tem perto de 52 brinquedos Lego, que divide com o irmão. O primeiro de que se lembra foi um enorme castelo de 1982, um dos brinquedos preferidos da infância. "Quando fui trabalhar para a Lego conheci o homem que o desenhou. Até pedi para ele me assinar uma das peças, um cavalo."
Quando lhe perguntamos que brinquedo gostaria de desenhar, Luis não tem dúvidas: "Qualquer coisa da Pixar. Adoro o trabalho deles." Os legos já deixaram de ser um hobby para ser uma profissão. "Raramente compro. Perderam a piada. Só às vezes para ver o trabalho dos outros designers, de como conseguem ser criativos, sempre com as mesmas peças."
Texto de Clara Silva
Fonte: ionline.pt
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