segunda-feira, 5 de maio de 2014

O i esteve à conversa com um dos designers que fez as naves Star Wars da Lego

Foto de Eduardo Martins
Um dos designers oficiais da marca dinamarquesa Lego, responsável por desenhar as naves Star Wars, esteve em Portugal para contar como é brincar a tempo inteiro 
Clube Recreativo Leões de Porto Salvo. Provavelmente um dos sítios mais improváveis de Portugal para encontrarmos um designer oficial da Lego, recém-chegado da Dinamarca. Mas é mesmo aí, entre robôs que reagem a cores e retratos dos visitantes do pavilhão feitos com legos, que encontramos Luis Gomez, 29 anos. O colombiano, responsável pelos modelos Star Wars da marca de brinquedos dinamarquesa, é o convidado especial do Oeiras Brincka Lego, a maior exposição oficial de construções em Portugal, que decorreu durante o fim-de-semana.
Foi depois de assistir ao primeiro "Toy Story" que Luis percebeu que afinal "era mesmo possível seguir uma carreira dedicada aos brinquedos", conta. "Com o filme comecei a perceber que também podia transformar a minha vida numa 'toy story', que havia empresas só dedicadas a isso, como a Pixar." Tudo se tornou mais fácil quando saiu de Bogotá para estudar design de brinquedos em Nova Iorque. "Arranjei logo trabalho na Califórnia na Wham-O, a empresa que inventou brinquedos clássicos americanos, como o frisbee e o hula hoop, e comecei a desenhar brinquedos para eles." 
No entanto, durante esses três anos, a Lego nunca lhe saiu da cabeça. Foi quando viu um anúncio na internet que procurava novos designers para a sede da marca, em Billund, que decidiu enviar um portfólio. Como se contrata alguém na Lego? "Fui chamado para um workshop de dois dias com 17 candidatos de todo o mundo e tivemos de construir vários projectos com peças que nos enviaram pelo correio", conta. "Não posso bem dizer que tipo de projectos porque são confidenciais, mas construímos castelos e coisas do género."
Depois disso, Luis voltou à Califórnia e umas semanas mais tarde recebeu um telefonema quando estava a tomar duche. "Disseram-me que o emprego era meu e disseram-me quanto ia ganhar em coroas dinamarquesas. Nem fazia ideia quanto era, mas aceitei logo sem saber", ri-se. 
Hoje em dia é um dos cinco designers responsáveis pelas peças da Star Wars da Lego, um trabalho muito meticuloso. "Os projectos de cada brinquedo chegam a demorar um ano e meio a serem feitos", conta Luis. "A última que fizemos, uma nave de um dos filmes clássicos da Star Wars [não pode dizer qual], só chega às lojas em Agosto e demorou todo esse tempo. Foi feita com duas mil peças." 
O processo de design das naves é complicado porque envolve a aprovação da Disney (que comprou a Lucas Art) e vários testes técnicos e com miúdos. Às vezes, para desanuviar "do cinzento" das peças Star Wars, também costuma participar no design de outros cenários Lego, como a colecção Cidade ou Ninjago. "É bom porque às vezes há coisas para raparigas e podemos usar mais cores e peças mais cor-de-rosa." 
Em casa dos pais, Luis tem perto de 52 brinquedos Lego, que divide com o irmão. O primeiro de que se lembra foi um enorme castelo de 1982, um dos brinquedos preferidos da infância. "Quando fui trabalhar para a Lego conheci o homem que o desenhou. Até pedi para ele me assinar uma das peças, um cavalo." 
Quando lhe perguntamos que brinquedo gostaria de desenhar, Luis não tem dúvidas: "Qualquer coisa da Pixar. Adoro o trabalho deles." Os legos já deixaram de ser um hobby para ser uma profissão. "Raramente compro. Perderam a piada. Só às vezes para ver o trabalho dos outros designers, de como conseguem ser criativos, sempre com as mesmas peças."

Texto de Clara Silva
Fonte: ionline.pt

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